Tem rap novo na área! Cuiabang revigora a cena que mais cresce na Cuiabá contemporânea. Perto de fazer 300 anos de existência a capital mato-grossense abriga um movimento que se expande por todos os cantos da cidade com um hip hop forte, cheio de talentos novos e prolifera de forma viral. Um dos bons trabalhos da atualidade é da galera que forma o Cuiabang.

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E olha que aí tem tradição, explico: um dos criadores do grupo é o Gabriel Padilha (Vagal) que tem berço no hip hop, pois é filho do Dj Spinha, um dos históricos que vem fomentando a cena há mais de década. Gabriel nasceu quando já existia o Coletivo Maloca, o movimento Representa, lugares referência no CPA, mais que um bairro, é uma região populosa que abriga vários bairros e dali o hip hop cresceu e vem tomando forma. Nas palavras animadas do Breno 16, parceiro do Gabriel na criação do Cuiabang, “o rap é o ritmo musical que mais cresce em Cuiabá, que mais grava, gera movimentação econômica, produz mais vídeo clips, faz mais shows e aí vem a contradição, também é o movimento que menos recebe atenção do poder público, tá na hora de virar essa história!”

Gabriel e Breno
Gabriel e Breno

Gabriel é o responsável pela produção dos vídeos clips que já é uma marca da galera que milita no hip hop, a cada canção um vídeo, com cenários locais, tudo feito no CPA, locação dileta que retrata o cotidiano da moçada. Eles afirmam com orgulho, Gabriel e Breno que fazem as letras, que todas as músicas do grupo tem o CPA como protagonista, as histórias, a rapaziada, o sol, o calor cuiabano, são paisagens que dão substância para sua poética de urgências e emergências. Faz parte do rap, a crítica social, a ambientação, a realidade dura que alimenta o conceito de precariado. Momento difícil que o Brasil passa, com a falta de representatividade da classe política que martela um processo de aniquilamento e perdas das classes trabalhadoras. O rap acerta em cheio com suas canções de protesto, é o que representa hoje a resistência política e cultural. O clamor ecoa das periferias. Queremos mais, queremos um Brasil digno, com pessoas dignas, com justiça e paz social.

Taí uma rapaziada entusiasmada, ganhando corpo com seu trabalho honesto, independente, contam com ajuda dos comerciários do bairro, e isso é muito bacana. Amigos e comerciantes bancando a arte, a expressão brutal de nossos meninos que valem muito mais que ouro, dignidade tem nome! Muito bacana ver o esforço que empreendem e de como vão seguindo os cursos da vida tal como ela é, tudo de um jeito autodidata. Gabriel cita a quantidade enorme de conhecimento que está disponível na internet, tutoriais que lhe mostraram o caminho da edição de vídeos, programas gratuitos (livres) disponibilizados que lhe proporcionaram o acesso ao conhecimento e ao desenvolvimento de seu trabalho, qualificando-o a produzir 100% de seus vídeos, de quebra ainda vai passando o know-how pra gurizada mais nova. É um processo constante de conhecimento, leitura, prática, e isso faz a diferença quando a gente se esforça para aprender o jogo maluco da imaginação, da criatividade. Isso qualifica as pessoas no sentido de desenvolverem o seu próprio poder para se defender das agruras que a vida impõe!

10426083_1422238168079529_1803931145878941442_nOutra ação bacana que Gabriel e Breno 16 vivenciam são as batalhas. A mais famosa da capital ficou sendo a Batalha da Alencastro. É quando reúnem uma pá de poetas e letristas recitadores na Praça Alencastro todas as quintas-feiras no final da tarde e disputam com versos um lugar ao sol, um lugar ao brilho, um lugar na cidade. Reivindicam e conquistam territórios, passo a passo. Várias batalhas estão surgindo, ou melhor pontos de batalha marcando suas bandeiras nos espaços livres da cidade. Na Mandioca tá crescendo o Slam do Capim Xeroso, outro movimento de poetas que pratica batalhas de versos nas imediações do Largo da Mandioca.

Muito bom, muito bom! Cidade Verde que te quero, aqui a vida acontece como em qualquer capital do mundo, estamos na mesma sintonia, como sempre digo, todos somos globais, estamos no mesmo planeta, daqui pra ali é um pulo, um click e a cabeça rodopia e pia e pira e cria mundos de imaginação em qualquer esquina dessa vida. Salve salve!

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