Na última sexta-feira, dia 17 de junho, participei do Bate Cacos, um bate-papo promovido pelos alunos do curso de Comunicação Social da Universidade Federal (UFMT) para recepção dos calouros. Pude falar um pouco sobre a realidade do mercado de trabalho e minhas experiências profissionais, tanto em redações quanto em assessoria de imprensa e agora, com o Cidadão Cultura.

Para o bate-papo também foi convidado o cineasta Bruno Bini, que tem uma extensa carreira, tanto na produção audiovisual quanto na área da publicidade. Os alunos demonstraram interesse em conhecer a realidade de quem atua em Mato Grosso.

Foto: Divulgação Cacos UFMT
Foto: Divulgação Cacos UFMT

Quebrei o gelo brincando que estava me sentindo como na época da faculdade… sexta-feira, de ressaca, e tendo que fazer uma apresentação. Enfim, falei um pouco sobre os desafios que encontrei, mas também sobre a minha busca pelo jornalismo cultural e literário, como a minha eterna recusa pelo lead – modelo americano, que introduz no primeiro parágrafo cinco perguntas essenciais: O quê, Como, Quando, Onde e Por Quê.

Mas, os alunos estavam mais interessados em conhecer o universo audiovisual em Mato Grosso e metralharam o Bruno Bini de perguntas, que muito acessível contou um pouco da sua história. Na cara e na coragem, quando entrou na faculdade já bateu na porta de agências pedindo um espaço para fazer qualquer coisa. É necessário começar de baixo para aprender. E aí Bruno conta que para ter a sua própria produtora de filmes hoje, a Plano B, teve que fazer de tudo um pouco.

Muitos alunos ali já haviam visto o seu curta-metragem “S2” que foi premiado no Festival de Milão. Ele brinca que nem com prêmio de Milão, o pai deixa de perguntar do tal diploma da UFMT (Bruno está concluindo o curso).

A curiosidade dos alunos era referente ao seu novo curta-metragem “Três tipos de medo“. O cineasta revelou que este filme, bem como o seu outro curta “Depois da queda”, são parte de um projeto de longa-metragem que leva o título de “Cinco tipos de medo”.

O ator Jonathan Haagensen interpreta o traficante "Sapinho" no curta "Três tipos de medo"
O ator Jonathan Haagensen interpreta o traficante “Sapinho” no curta “Três tipos de medo”

Enfim, voltando ao curta “Três tipos de medo”, o enredo é inspirado em uma notícia verídica de Cuiabá, sobre a prisão do traficante “Sapinho”. A comunidade do bairro Novo Colorado, que o traficante protegia, começa a sofrer ataques da ‘bandidagem’ do Ribeirão do Lipa. Com isso, os moradores reúnem recursos para pagar um advogado e soltá-lo da cadeia.

Fabrício Chabô, daqui do portal Cidadão Cultura também está no time de atores do curta
Fabrício Chabô, daqui do portal Cidadão Cultura também está no time de atores do curta

Muitas perguntas começaram a surgir sobre a gravação, afinal, o curta de Bruno Bini é movido pela ação. Como é fazer cinema em Mato Grosso? O apoio, a distribuição, os recursos. O cineasta conta que “Três tipos de medo” passou em um edital, mas que ainda foi necessário investimentos próprios para a conclusão do filme.

Ele ressaltou o trabalho de toda equipe e citou nomes importantes da produção cinematográfica no Estado, como das produtoras Caroline Araújo e Keiko Okamura, do diretor de fotografia Mario Zugair. Também discorreu um pouco sobre as surpresas da produção, como conseguir uma arma de fogo para as gravações e a recusa da Polícia em disponibilizar uma viatura e a liberação para gravar na penitenciária de Rondonópolis.

Diretor e roteirista Bruno Bini ao lado do diretor de fotografia Mario Zugair
Diretor e roteirista Bruno Bini ao lado do diretor de fotografia Mario Zugair

Opinou sobre as principais lacunas aqui, Bruno ressaltou que escreveu todos os seus roteiros, e este é um dos espaços que não está preenchido. Foi um bate-papo intenso sobre mercado de trabalho, cultura, produção audiovisual e a troca de experiências, de vivências, com o intuito de auxiliar os estudantes, e novos profissionais da comunicação.

Giovanni Araújo interpreta o advogado
Giovanni Araújo interpreta o advogado

Foi um dia interessante, e revelador por conhecer um pouco mais da trajetória do cineasta Bruno Bini. Muitos questionamentos levantados, dúvidas e uma partilha essencial para que os jovens percebam a responsabilidade de ser o futuro em tudo aquilo que estudam e trabalham.

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Marianna Marimon, 30, escritora antes de ser jornalista, arrisco palavras, poemas, sentidos, busco histórias que não me pertencem para escrever aquilo que me toca, sem acreditar em deuses, persigo a utopia de amar acima de todas as dores. Formada em jornalismo (UFMT) e pós-graduação em Mídia, Informação e Cultura (USP).

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