Nós, conselheiros do setorial de teatro do CNPC (Conselho Nacional de Políticas Culturais) indignados com a atual conjuntura, em especial no universo das artes, vimos manifestasse contra a censura e o desmonte provenientes desse status quo.

No qual, segue: Carta Aberta do Colegiado Setorial de Teatro do Conselho Nacional de Políticas Culturais (CNPC/MINC)

“O teatro é uma arma muito eficiente. Por isso, é necessário lutar por ele”. (Augusto Boal)

O Teatro resiste!

Historicamente, a cultura nunca foi prioridade em nenhum governo brasileiro. Ao contrário, os poucos direitos conquistados até hoje foram frutos de intensas batalhas e articulações artísticas políticas. Nossa categoria não se cansa de tentar conquistar políticas culturais que garantam melhorias e que possibilitem o fazer da arte com dignidade no Brasil. Também lutamos pela liberdade e resistimos por meio de nosso ofício.

Enfrentamos, nos últimos tempos, um verdadeiro RETROCESSO da Cultura no país, articulado por setores sorrateiros, reacionários e conservadores que decidiram se mobilizar para ditar o que é ou não ARTE e como ela deve ser feita. Esta ação viola completamente os direitos de Liberdade de Expressão Artística, assegurado pela Constituição Federal de 1988.

Peça “O Evangelho Segundo Jesus, Rainha do Céu” foi alvo de censura. Na foto a atriz trans Renata Carvalho em cena.

A articulação conservadora e seus movimentos, estão em uma cruel campanha difamatória e descontextualizada contra a classe artística no país, com um único intuito: CRIMINALIZAR os/as trabalhadores/as da cultura do Brasil e provocar na sociedade o desconhecimento e alienação de sujeitos nesta sociedade.

A liberdade de expressão é garantia constitucional pelo art. 5º da Constituição da República Federativa do Brasil, junto ao art. 215 “que compete o Estado a garantia de todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais.”

A criminalização da arte e de artistas só demonstra a fragilidade do sistema democrático e é mais um sintoma do fascismo, antes velado, e já conhecido na política brasileira, principalmente nos tempos da DITADURA MILITAR, no qual artistas eram procurados e submetidos a tortura. Já os torturadores e censores eram amparados por ABSURDAS justificativas legais.

Trabalhadores e trabalhadoras das artes em todo país estão tendo seus trabalhos censurados e apreendidos pela polícia. Cada vez mais, a onda progressista dos/as artistas é atacada e desarticulada dando lugar a um obscuro futuro sem cor, sustentado por pilares de autoritarismo, numa sociedade cada vez menos inclusiva para as minorias – que são a grande maioria – onde todas as relações são pleiteadas por disputas de poder por siglas políticas.

Por isso, faz-se necessária a livre manifestação do Colegiado Setorial de Teatro, posicionando-se contrariamente a qualquer tipo de CENSURA e garantindo nossa participação ativa contra os RETROCESSOS institucionalizados pelo atual presidente da República, seus aliados e qualquer outra organização e movimento que tente censurar, criminalizar ou ameaçar o fazer artístico e teatral.

Brasil, outubro de 2017.

Representantes da Sociedade Civil do Colegiado Setorial de Teatro do Conselho Nacional de Políticas Culturais – CNPC/MinC

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