Acabei de terminar a segunda temporada de Club de Cuervos, uma série mexicana de comédia lançada e produzida pela Netflix. A ideia era assistir ao primeiro programa latino-americano do serviço de streaming para aprender um idioma tão importante, mas ao mesmo tempo um tanto menosprezado aqui no Brasil: o espanhol.

Levando em conta que pra aprender uma língua é preciso ter muita disciplina, se você conseguir conciliar isso adicionando um gostinho de entretenimento, fica tudo mais fácil, né? Com diálogos simples, engraçados e envolventes, o exercício só pode ser prazeroso.

Então vamos ao que interessa.

Afinal, do que se trata Club de Cuervos?

A série conta a história de um casal de irmãos que, após a morte do pai, herdam um time de futebol, os Cuervos de Nuevo Toledo, uma cidade do interior do México. Assim, os dois começam uma briga interminável para ver quem vai ficar com a presidência do clube. Com doses novelescas e um humor inteligente – algumas vezes crítico quanto aos valores tradicionais de uma sociedade machista e homofóbica – Club de Cuervos é uma série totalmente atual. Nada mal, né?

O ar de novela fica por conta dos conflitos familiares que parecem não ter fim, mas que são essenciais para a elaboração da trama, e são eles que deixam tudo mais gostoso e engraçado de acompanhar. Os personagens vão sendo aprofundados ao longo da história e os jogadores passam a ter mais foco, o que cria maior complexidade e envolvimento.

Uma observação interessante é que nenhum dos personagens é “romantizado”. Pelo contrário, suas relações humanizadas permitem que enxergamos semelhanças com comportamentos cotidianos, movidos muitas vezes pela ganância, pelo desejo de poder, de se dar melhor que o outro, daquele famoso sentimento de “mas você sabe com quem está falando?” que é ainda tão presente nas sociedades latino-americanas.

A gente também acaba aprendendo um pouquinho sobre a cultura do país. Afinal, não se pode deixar de notar grandes semelhanças com a cultura brasileira, como o calor, a paixão pelo futebol, a personalidade emotiva das pessoas.

OK, parece interessante. Mas e o espanhol?

Bom, é lógico que você não vai sair falando espanhol aos quatro-ventos depois de assistir às duas temporadas disponíveis. Mas a boa notícia é que dá sim para aprimorar legal o vocabulário e o ouvido, mas isso, obviamente, se a legenda em espanhol estiver ativada. Deixar em português não, né, por favor.

E não tem jeito, o espanhol que você vai ouvir vai estar repleto de gírias locais. Então é melhor se acostumar a ouvir muito as seguintes palavras e expressões:

Güey: é o equivalente ao “cara”, “meu”, “véi” do Brasil
Cabrón: pode ser tanto usada como um insulto quanto entre amigos
Chavo: usado para homens ou meninos mais novos
No mames: uma expressão de surpresa para enfatizar uma situação
Qué chingados…: esse tem muitos significados e variações, mas pode significar surpresa, hostilidade, incompetência
Qué onda?: uma maneira informal de se perguntar se está tudo bem
Mamón: pessoa chata, idiota, ruim
Qué oso: algo que te deixou envergonhado(a)

E muuuuuuitas outras que só assistindo pra ver! Então resumindo: Club de Cuervos não faz mágica mas ajuda a dar aquele empurrãozinho que faltava pra você aprender espanhol e, de quebra, ainda te arranca umas boas risadas.

É preciso também comemorar o fato de que uma série latino-americana e de língua espanhola finalmente tem ganhado espaço merecido entre os gigantes do audiovisual estadunidense. Estar na Netflix é pra poucos… e quem sabe isso não ajuda a estimular produções brasileiras também? Os nossos hermanos mexicanos com certeza comemoram a visibilidade e agradecem o nosso apoio.

Agora é só preparar a pipoca, correr e apurar os ouvidos pros muitos güeys, mamónes, cabróns que te esperam!  😉

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Jornalista mato-grossense formada pela UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) e aluna de mestrado no programa de Divulgação Científica e Cultural da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).

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