*Por Yasmin Nobre

Você conhece a história do dia 8 de março? Ou ainda está presa na perspectiva romântica de presentes e longas poesias que ressaltam coisas belas e definidas sobre o que a mulher é ou deve ser?

Comecei a questionar quais foram as celebrações que participei do dia das mulheres durante a minha vida; na escola não me lembro de ter ouvido falar na memória das mulheres do dia 8 de março de 1857, me lembro de ser parabenizada por ser mulher, na igreja não era muito diferente as flores o reconhecimento enquadrado dentro das limitações impostas no que é socialmente aceito por ser mulher. Celebrar o dia que nos foi reservado não é possível para mim, pois um dia eu conheci a verdade sobre esta data que tanto derramou sangue das minhas antepassadas, e que foi fruto de uma tentativa de reparação ineficiente, afinal tanto tempo depois e ainda temos um único dia, e dentro das definições deste dia é reforçado todos os estereótipos ditados a nós por séculos, mas não é mencionado a luta de mulheres que morrem em uma fábrica.

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Hoje com 21 anos me pergunto: qual a relação destas comemorações com um dia de luta ou luto como este? Duas palavras parecidíssimas que permeiam a vida de todas as mulheres, seja ela consciente ou não, sim, muitas mulheres não compreendem que ainda estão em luta ou que os resultados de seus direitos atuais são resultados de lutas, como a das mulheres assassinadas no dia 8 de março presas dentro da fábrica porque lutavam por direitos trabalhistas igualitários, questão esta não resolvida até hoje, pois ainda não temos igualdade salarial, não temos igualdade na conclusão da graduação e muito menos no mestrado e doutorado.

Quem somos nós hoje, para julgarmos que estamos isentas das repressões impostas nos séculos passados? Coloquem no google as seguintes pesquisas “Porque as mulheres independentes não conseguem namorar? ” Ou “Número de homicídios de mulheres negras aumenta? ”. Proponho apenas duas questões, a primeira está totalmente atrelada a questão científica que trata a mulher como inferior desde o sec. XVII, claro que o papel da mulher é colocado como inferior desde antes, mas a ciência moderna respalda e solidifica esta ideia, apresentam para a sociedade uma “verdade científica ” de que ciência não era lugar para mulher pois o intelecto delas não seria suficiente, e então estamos aqui ainda com um percentual de 38% segundo o CNPQ de mulheres que fazem pesquisam cientifica no Brasil, conseguem identificar como tal afirmação dificulta nosso acesso aos estudos ainda hoje?

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As mulheres são formadas em sua maioria para trabalharem em áreas que envolvem o cuidado, mas não são formadas para pesquisar e muito menos para questionar, os homens em sua maioria não mudaram sua mentalidade, não admitem namorar com quem não esta submissa a sua opinião ou conhecimento absoluto de questões que são pertinentes historicamente aos homens, não suportam serem questionados e destituídos da posição de detentores do saber. A segunda questão trata do número de mulheres que morrem e são violentadas todos os anos e pasmem eles não diminuíram, ao contrário disso estão crescendo. Então me pergunto e te pergunto: por que lugares de formação social não estão gritando sobre esses problemas que matam todos os dias, e destroem vidas sem hesitar? Parece que os labores de séculos ainda não são suficientes; devido a isso estou aqui propondo uma reflexão social, antes de se levantar e esbravejar que o feminismo é a destruição social da mulher ou algo deste tipo; estude, leia, saia do seu comodismo e avalie se suas convicções não são na verdade um conceito definido de mulher apresentado por Hesíodo na sua primeira versão da caixa de pandora!

*Yasmin Nobre, 21 anos, negra, estudante do ultimo período de filosofia na UFMT. 
Adora ler, pesquisar e escrever. Natural de Cuiabá - MT.

2 Comentários

  1. texto “tapa na cara”de primeiríssima necessidade, essa sua reflexão é muito bem colocada hoje aqui, fico imaginando o caminho tortuoso e amargo percorrido e a ser percorrido por nós seres humanos, pois que a memória é subvertida e justificada com apedrejamentos cotidianos, a mulher é puta e mãe ao mesmo tempo e ainda tem que “sair no salto” e desvelar a tolice do macho coitadinho que quer colo pra espiar as culpas que, as vezes, nem dele são, tudo muito a ser feito ainda, vamos nessa!!!!

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