Por Paulo Victor Vidotti *

Você já questionou a natureza da sua realidade?

De maneira extremamente complexa e bem trabalhada, a mais nova produção da HBO, Westworld, que teve seu season finale nesse dia 4, faz exatamente isso por você.

Em um universo futurístico onde mistura o melhor do sci-fi distópico com o clássico spaguetti western e algumas pitadas de um drama psicológico que consegue fazer você questionar a sua própria existência, Westworld traz a tona em vários níveis, alguns deles novos, o conceito de universo.

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O que esperar de uma série com um plot tão aleatório quanto um parque de diversões western ocupado por seres talvez conscientes de sua própria consciência (não, acredite, não é um pleonasmo) em um universo futurista tão grande e complexo que a gente só passa a ter uma idéia do que realmente acontece depois do terceiro episódio?

Absolutamente nada, se você não soubesse quem está por trás do desenvolvimento todo da série. Escrita por Lisa Joy, roteirista de Burn Notice , e seu marido Jonathan Nolan, que com seu irmão Christopher Nolan escreveu roteiros como Batman: The Dark Knight, Memento e Interstellar, e tendo produção executiva de ninguém menos que J.J Abrams, o diretor da terceira trilogia da saga Star Wars, a série tem um orçamento de 55 milhões de Obamas, e que convenhamos, muitíssimos bem gastos pra ambientar esse universo tão estranho.

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A trama se desenvolve sem você saber o que acontece, e basicamente sem ter idéia de onde você está dentro ou fora do parque, ela cresce de maneira contínua dentro de uma montagem pouco comum, onde no final você cria uma única certeza, que não podemos mais esperar nenhuma certeza vinda dessa série.

De maneira muito bem executada vemos personagens criar vida a partir de uma programação feita por outros personagens, porém com a complexidade de um thriller psicológico que sempre nos remete ao questionamento de existência, com profundos questionamentos filosóficos e constantes perguntas sobre a humanidade e a barbárie dela em relação ao todo.

O roteiro brinca com conceitos psicológicos complexos, como o Bicameralismo e a origem da consciência, tudo isso dentro de um eterno teste de Turing. Basicamente uma mistura entre a Trilogia dos Dólares de Sergio Leone programado dentro do universo de Ex Machina de Alex Garland, e até agora com uma linha temporal compreensível de primeira somente pra quem escreveu Memento.

Westworld traz a tona a verdadeira natureza do ser que entra em contato com o parque, onde em um lugar sem lei, e com NPC’s (non-player characters) à vontade pra satisfazer seus prazeres mais animalescos, a liberdade pra ser o seu verdadeiro eu é completa. E isso nos faz perguntar, em um mundo caótico e sem leis, onde você sendo praticamente um deus, quais seriam suas escolhas e como você satisfaria suas vontades?

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Vemos mocinhos se transformando em vilões, vilões que na realidade são os mocinhos e plot twist atrás de plot twist, gerando mais dúvidas do que certezas depois de algumas grandes revelações, sendo praticamente tudo esclarecido em seu episódio final de maneira única, impensável e genial.

Com atuações intensas e complexas a trama se aprofunda muito em seus personagens, dando ênfase a grandiosidade da atuação de Anthony Hopkins, Evan Rachel Wood, Thandie Newton e Jeffrey Wright em seus respectivos personagens, que conseguem virar referências automáticas de ótimas interpretações.

De maneira rápida, Westworld ganhou meu coração, porque de jeito único e com seu plot diferente ela deixou, pra mim, de ser entretenimento, mais do que isso, seus complexos questionamentos nos ajudam a evoluir como indivíduo e sociedade acima de tudo. O único conselho que posso dar a vocês é, assistam, Westwolrd é um must.

* Realizador mato-grossense com vontade de conquistar o mundo.

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